quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Que fizeste a quanto foste ?

Mergulha. Abraça o medo, trá-lo contigo para esta água, vem, mesmo que temas. A viagem não pertencerá à tua memória, serás somente partida e chegada. Mergulha, abstrai-te. Por um instante despe-te de ti mesmo, sê vazio e esquece tudo o que te levou até ali, tudo o que te fez querer parar e desistir, esquece tudo, porque saltaste.
E agora outra altura é chegada. Perspectiva. Fecha os olhos e vê o mundo através da tua essência, transpõe-te para o que te rodeia, não te deixes absorver. O individualismo é belo porque preserva a criança que foste quando ainda não te tinham falado de regras, imposto restrições mentais ou moldado a tua imaginação. A criança que ainda corre porque crê que pode agarrar o mundo, porque o sol, a lua, a brisa, os animais, os risos, tudo lhe pertence, tudo ansiava a sua chegada. Toda a dor é física, toda a ferida sara, toda a lágrima é sincera e instantânea.
O desassossego é uma criação adulta, toda a criança interior morre de solidão, todos nos perdemos numa ilusão de inteligência presa pela mais nefasta negligência.

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