segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

O chão encheu-se de folhas desfalecidas, cansadas de amarelo, tão mortas quanto belas. O sol flamejante embate no horizonte, e também ele parte, com uma naturalidade dilacerante, fera para a beleza disto. 
Assisto a este lance e sei-me imensa, exacerbada com a ausência de limites de espaço ou tempo, esta indefinição absoluta que esvazia a existência lhanamente. Somente a essência das coisas se vê, agora, que o  dia se despiu da luz. Há uma rudeza, um cheiro a perigo que corre pelo ar, coexiste o charro e o puro nesta hora que pertence a amantes e a assassinos, ignificam-se preconceitos em nome do espírito. 
Escorre loucura pelos meus olhos, a brisa que por mim passa acaricia-me como se me quisesse tomar. E eu não me movo. Maravilho-me por sentir que o meu coração latejante ainda tem por onde crispar, a minha respiração acelerada assegura-me que resiste ainda o ímpeto de outrora. 
Nesta noite, neste silêncio, choro porque eclode um universo de mim que não sei conter.

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