quarta-feira, 5 de março de 2014

Louva-se toda a magnificência da Natureza e, claro está, com evidente razão. Mas desde quando se deixou de apreciar a naturalidade ? A partir de que momento se aceitam tantos os gestos planeados, trabalhados por uma vida de experiências e se deixam escorregar pela atenção os que têm o cunho da espontaneidade ? 
Confundem-se na multidão as pessoas realmente belas, com uma existência límpida, nuas perante o mundo que se cobriu, púdico, colérico quando face a descaramentos. Domesticado. 
Com que incongruência apreciamos quem se deixa conhecer, filtramos o que vemos, como nos foi ensinado, arrumamos personalidades, corpos, expressões, catalogamo-nos uns aos outros, sabe-se lá porquê. Entre estes estudos e análises perdemos o sabor de um ultraje, a excitação de um riso, o prazer de um sonho, a força de um gesto que se solta de nós, o selvagem que sobrevive. 
Não te importes que te achem inapropriado, não percas o sono por não teres quem partilhe das tuas alucinações, ninguém te dá quem és, passeia-te mesmo que chova, ou, principalmente quando chove! Bebe da água que sobre ti cai, não tens defeitos que não queiras ter, criatura. 
Entende que a perfeição é um espectro em desenvolvimento, embriaga-te nele, toma-lhe as cores. 
É Primavera, está na altura, floresce, e que somente o amor te colha.

2 comentários:

  1. Será primavera... e com ela florescerão, ainda mais, palavras belas e profundas... Borboletas saltitantes continuarão a tocar a tua imaginação/criação prodigiosa! Lindas palavras...Inebriantes, mesmo.... PARABÉNS! Uma beijoca do tamanho do mundo

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    1. Não faz ideia de como o seu comentário me deixou feliz!
      Parte do que escrevo é graças a si e à excelente formação que me deu, por esse motivo, e por ver em mim qualidade, não posso deixar de lhe agradecer, obrigada !
      Um beijinho e um abraço apertado.

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