sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

Faz esse pedaço.

Faz-te pessoa.
Torna-te enxuto, não tem nada que saber, é por desinteresse teu, que a ninguém és capaz de interessar. Trabalha-te, tudo o que tens, todos os músculos. Porque é que teimas em te negligenciar? Tens por onde crescer. A teoria está estudada, a certeza determinada. Há virtude de todo em todo. Vai ao ginásio, corre com a ansiedade de ti para fora. Sorri para os estranhos, hão de ser conhecidos a tempo certo. Alivia a dor alheia, não precisas de ter esperança para a saberes dar, mostra interesse. Tu não queres ser o maior, queres ser grande, domina a diferença. Ajuda. Não pises a relva, não deites lixo para o chão, não sujes as pessoas, não te defendas, atacando. Pede desculpa. Arranja alcunhas para os teus amigos, leva-lhes chocolates e café. Abraça. Abraça-te a ti e aos outros. Lê. Há tanta mente alheia dada por essas páginas, tanto preciosismo mental, tanta extensão humana, íntima, exposta como se não fosse o pináculo do raciocínio do autor,  como se cada conjunção não fosse ritmada pela fremência dos nervos, como se tudo isto não latejasse com a envergadura.
Aprende. Sobe de nível. Ensina. Dá o que tens, não julgues que te pertences. Estamos todos a sofrer, guarda a tua dor, os dias maus o Diabo descontar-tos-à no purgatório. Somos todos amigos, mais do mesmo, partilhamos uma época, estamos cá para o mesmo, ser pessoa.
Compõe-te, limpa-te, vai para a rua, faz a tua parte nessas veias onde a nossa gente circula em sangue vivo.

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