quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Dei por mim, e era tarde.

Se amo, é qualquer coisa, entre o tudo e o nada.
Chama-me besta. Mas não consigo conceber o amor absoluto como mais do que uma manta de retalhos. Cosem-se todas as desavenças de identidades, todos os desatinos de atitudes, contrafaz-se uma harmonia, lava-se esta dicotomia da razão, e estamos prontos para ser aquecidos e adornados pelo amor.
Bons são os amantes.
Oh! Esses frequentadores de sentimentos,
Que sobejam,
E desejam,
De um trago só, tomar o engenho à vida.
Casados de tempos livres, encontram-se quando há vagar, quando o tempo é propício, trocam um beijo doce, o coração bate forte contra o peito, e é guerra aberta, sacra.
Batalham somente os de carne boa, que saram bem as feridas, os que não temem cicatrizes, esses loucos solitários. Querem a antecipação, a manipulação de variáveis, o desconhecido, desarmar o adversário antes de ser desarmado, arrancar-lhe o riso espontâneo, saborear-lhe o olhar malicioso, controlar-lhe o desejo, aceitar-lhe as delicadezas. Ganhar ou perder tudo, pouco importa. Desde que o coração continue a bater, desde que não haja conforto, desde que isto tudo seja racional.

A carta de amor que planeei escrever vai ter que ficar para outro dia. Dei por mim, e era tarde demais.

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