quinta-feira, 6 de abril de 2017


Quando o meu tempo aqui acabar,
Não me chores por saudade,
Chora-me,
Por amor.

Quando o meu tempo aqui acabar,
Não me sintas em falta,
Não me encontres na ausência,

Quando o meu tempo aqui acabar,
Sabe que tive tempo,
Quase de sobra.
Quase de mais,
Quase exagerei.
Quase.

Quando o meu tempo,
Quando acabar,
Quando eu acabar,
Deita-te descansado,
Porque vou a tempo certo.

E acaso,
Me vá por demais cedo,
Levou-me comigo o cansaço.
E culpa-me,
Porque de cansada,
Me deixei ir.

Culpa-me,
Por ceder à seiva das minhas dores,
Culpa-me,
Por ser flor fraca,
Culpa-me.
Que de tão cedo ser a cegueira,
Que de tão fraco ser o saber,
Que de tão laço o viver,
Culpa-me.
Que dormente,
Nem senti que o tempo,
Nem vi que o tempo.

Culpa-me,
Que o tempo acabou,
E fui, sem dar de mim.

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