quinta-feira, 9 de abril de 2020

De todas as coisas que te posso pedir,
Quero a verdade.

Escrita com sangue meu numa parede branca de uma casa qualquer. Dessas onde ninguém entra, mas que pela fachada antecipa a glória de tempos que se deixaram, onde o pó cobre os móveis com o existir ligeiro da envolvência oca.

Sossegada, silenciada, esta casa vazia.

Se por cortesia alguma, o meu último grito ainda aqui ressoasse, encaminhar-te-ia, de embalo, ao centro da terra. Se memória bastasse para trazer o meu sorriso de volta, que os meus lábios viessem com vida suficiente para um beijo de despedida.

Neste vazio que sobra, não sentes nada que não seja frio.
Aquecer-te com o meu corpo, era levar-te comigo, e esta viagem não é a tua.

A parede é áspera, sabe a ferro. Sangue meu.

Dá-me a verdade, que posso com ela.
Sou transparente, estou entre ti e a parede, a um sol de distância.


Onde é que está a vida que conheci?




Sem comentários:

Enviar um comentário