Quero a verdade.
Escrita com sangue meu numa parede branca de uma casa qualquer. Dessas onde ninguém entra, mas que pela fachada antecipa a glória de tempos que se deixaram, onde o pó cobre os móveis com o existir ligeiro da envolvência oca.
Sossegada, silenciada, esta casa vazia.
Se por cortesia alguma, o meu último grito ainda aqui ressoasse, encaminhar-te-ia, de embalo, ao centro da terra. Se memória bastasse para trazer o meu sorriso de volta, que os meus lábios viessem com vida suficiente para um beijo de despedida.
Neste vazio que sobra, não sentes nada que não seja frio.
Aquecer-te com o meu corpo, era levar-te comigo, e esta viagem não é a tua.
A parede é áspera, sabe a ferro. Sangue meu.
Dá-me a verdade, que posso com ela.
Sou transparente, estou entre ti e a parede, a um sol de distância.
Onde é que está a vida que conheci?
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